PEDRO. PAULO. FRANCISCO.

Santo Agostinho disse em um de seus sermões: “Um só é o dia do martírio dos dois apóstolos. Mas estes dois eram um só; embora sofressem em dias diferentes, eram um só. Pedro foi à frente, Paulo seguiu-o. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos”.

O Prefácio da Solenidade, após o que distingue cada um dos Apóstolos, aproxima-os: “Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”. Eles personificam a Igreja inteira e significam tanto o colégio apostólico quanto as colunas fundamentais da fé.

Por Pedro e por Paulo, é dia do Papa. Pedro confirma a liderança e o pastoreio universal do ministério do Papa. Paulo a missão, o envio, a pregação e a solicitude por todas as Igrejas que distinguem tanto as preocupações quanto os cuidados papais. Certamente por isso, os Papas invocam a autoridade dos santos Apóstolos Pedro e Paulo em seus atos oficiais.

A Igreja Católica, no dia de Pedro e Paulo, presta homenagens ao Papa Francisco. Agradece seu sim ao ministério. Aprecia seu modo de conduzir a Igreja pelo caminho da diaconia (serviço) e em consonância com a renovação conciliar. A propósito, sublinhamos os seguintes aspectos:

HUMILDADE EVANGÉLICA.  Desde o início do pontificado, escolheu a humildade por palavras e atitudes. Antes de abençoar pela primeira vez, pediu a oração do povo de Deus, reunido na Praça de São Pedro. Assim, pedia a bênção do povo santo do Senhor. Repete que é pecador.  Sempre pede, por favor, que não esqueçam de rezar por ele. Sem nenhuma afetação dos gestos e das palavras, ele expressa a caridade que não se ensoberbece (Cf. 1 Cor 13, 4).

SIMPLICIDADE EVANGÉLICA. Renuncia à pompa e ao luxo. É despojado ao extremo. Ensina-nos a beleza da simplicidade: “aprendei dos lírios do campo…” (Mt 5, 28). Usa paramentos sóbrios e uma cruz que não é de metal precioso.  Carrega sua pasta preta (o que não é um simples detalhe, mas um estilo de vida). Recusa morar no palácio, pois não aprecia ficar isolado. Dispensa férias em Castel Gandolfo. Sonha uma Igreja pobre e para os pobres.

LIBERDADE EVANGÉLICA. É minimante protocolar, mas educado. Rompe muralhas e constrói pontes, por vezes dificílimas, para o diálogo diplomático entre nações conflitantes, para a permanência e o avanço do ecumenismo, para a superação das diferenças acentuadas entre grupos humanos, para a paz no mundo e o desarmamento, para a acolhida dos imigrantes, dos excluídos e dos invisíveis.  Vive aquilo que o teólogo jesuíta, Karl Rahner, chamava de “ortodoxia dialógica”. Insiste em uma Igreja sinodal cujos membros caminham juntos.

MISSÃO EVANGÉLICA. Francisco prega uma “Igreja em saída” às periferias sociais e existenciais, aos migrantes e refugiados. Prega uma Igreja samaritana e ecológica, construtora de pontes e de mediações, capaz até de respingar-se em suas andanças. Quer padres “com cheiro de ovelhas”. Propõe dinamicidade, jovialidade, mas com fidelidade à Tradição e a Jesus.

CORREÇÃO EVANGÉLICA. Enaltece a misericórdia e não a rigidez da lei. Corrige, entretanto, os escandalosos porque isto é exercício da verdadeira misericórdia. Os pedófilos abrem muitas feridas na Igreja, Esposa de Cristo. Por isso, o Papa reconhece e abomina tais procedimentos, pede perdão às vítimas e estabelece as reparações e cuidados imediatos.

Reconhecemos que o Papa Francisco, ao seu modo, possui um pouco de Pedro e um outro tanto de Paulo. Os três se encontram na gratuidade: “Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, cuidando dele, não por coação…nem por torpe ganância…” (1 Pd 5, 2); “Cada um dê como dispôs em seu coração, sem pena nem constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9, 7). Festejemos, pois, com a Igreja inteira: Pedro, Paulo, Francisco.

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