NO CORAL DE NATAL

Não existe festa sem canto e sem luz. Eis porque o cântico ilumina a noite festiva do Natal de Jesus: “Nasceu para nós um menino, um Filho nos foi dado” (Is 9, 5). Mais do que acender as luzes das casas e das ruas e praças, trata-se de acolher a luz da vida nova que afugenta o sentimento sombrio de desterro e a experiência das escravidões.   

Outrora a situação era tenebrosa, imperceptível. Agora se abre a luz do novo tempo e tudo é percebido: “O povo que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que estavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9, 1). Sabemos que andar nas trevas é muito incerto. Melhor e seguro é caminhar na claridade. Se possível, de claridade em claridade.

De vários modos e em diversas circunstâncias, Jesus é visto por um símbolo luminoso. No Natal, assinalado pela estrela messiânica. Quem o encontra sabe do que se trata: “Eu sou a luz”. Seu resplendor faz ver na sua humanidade a divindade: Emanuel. Ele possui também os atributos humanos dos heróis de sua gente: a sabedoria de Salomão, a liderança de Davi, a autoridade de Moisés e até o zelo de Elias.

Junto com a luz, o nascimento dele possui musicalidade, ritmo e harmonia. Compõem a sinfonia do mistério do humano e do divino. Unem-se à surpresa poética do encanto, na simbiose da leveza do Verbo e a força da carne. A dissonância é tão-somente exterior.  

 Ouve-se ou canta-se algo verdadeiramente novo. Para Ele, bem-vindo?  Ou Ele é quem canta para nós?   Por Ele e com Ele, nosso cântico se torna novo, nos restaura, nos alivia e nos rejuvenesce. São cantos da colheita após as lágrimas…de semeaduras. Jesus é nosso cantar.

Na harmonia das vozes do coração, todas as criaturas são convidadas a participarem do salmo de resposta: “Cantai ao Senhor um canto novo. Cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! Cantai e bendizei seu santo nome! ”; “O céu se rejubile e exulte a terra, aplauda o mar com o que vive em suas águas, os campos com seus frutos rejubilem e exultem as florestas e as matas” (Sl 95). 

Sente-se que a sinfonia é universal e cósmica.  A musicalidade do universo se integra ao coral de muitas vozes masculinas e femininas, harmônicas. Tudo era som e desde o princípio. O som se fez melodia… na palavra ressonante, dialogante, cantante. A voz ecoava…e era ouvida por todos. Coral de vozes e de vibrações sonoras. O cosmos se movendo na dança…

Também os anjos. Eles entram. Revelam que há canto em Deus, criador também das coisas invisíveis, pois o coral é da “multidão do exército celeste” (Lc 2, 13).  Cantam para o Recém-Nascido.  Cantam para Deus os seus louvores, pois os homens por algum tempo perderam a razão de cantar. Os anjos nos incluem em seus votos de paz, pois os homens por Deus amados, em todas as épocas, lutam por ela ou dissimulam. Saibamos ouvir a paz deste coral do além.

Na luz que envolveu os pastores (Lc 2, 9) e no canto dos anjos, a Liturgia festiva do Natal une céu e terra, mundos não mais equidistantes. Entremos, pois, na sintonia dos anjos: Vamos a Belém!  Lá veremos o Menino, ouvindo o ninar da Mãe, na melhor de todas as vozes. Dela o canto também é novo. José? Nada diz nem desafina. No amor, apenas ouve tudo no silêncio respeitoso. É interrompido por quem chega. Convida a entrar com a timidez de homem simples e trabalhador: sinta-se em casa! Fique à vontade! Não repare não! O lugar é de pobre.

Peça, pois, licença a José para olhar mais de frente e ouvir melhor. Preste bastante atenção para contemplar a beleza da Luz com a harmonia do canto de Mãe. Junte-se ao seu cantar.

  DESEJO A VOCÊ UM NATAL LUMINOSO E MUSICAL COM JESUS, MARIA E JOSÉ !!!

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