FILHO DE DAVI. FILHO DE MARIA

No quarto domingo do Advento, bem perto do Natal, a liturgia nos apresenta Jesus como sendo filho de Davi, isto é, o herdeiro da promessa feita a Natã, a propósito da descendência real do futuro Messias: “Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre” (2 Sam 7,16).

O Salmo relembra a aliança de Deus com Davi. Diz: “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito, e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor. Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, de geração em geração garantirei o teu reinado” (88,4-5).

A Maria, o anjo diz que a seu Filho Jesus, “o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai, Davi” (Lc 1,32), em cumprimento da promessa feita a Natã. Aliás, José é considerado “ descendente de Davi” o que significa dizer que sua paternidade legal garantia a herança davídica ou régia do Menino. Em Maria, no entanto, é que se cumpre a promessa. Ela enquanto Mãe é a casa (ou templo) preparada para acolher e trazer o Filho do Altíssimo, o Messias ou herdeiro davídico (Lc 1, 32). A Ladainha a chama de Casa de Ouro, comparando-a ao metal precioso e purificado e qualificado que não sofre variação.

O Natal do “Filho de Deus” (v.35) é especialmente mariano, assim nos dá a entender a conversa do anjo na Anunciação. Não só porque não existe maternidade sem natalidade, mas porque tudo dependeu do sim livre de Maria, do seu “faça-se”. Uma vez dito, ocorreu a íntima e mais sublime colaboração entre o Espírito Santo enquanto poder do Altíssimo (v.35) e a criatura humana, a mulher “cheia de graça” (v.28).

Maria aceitou servir ao plano de Deus sem pôr condições (v.38). Igualmente, aceitou as consequências, muita alegria e muito sofrimento, pois seu Filho seria “sinal de contradição” (Lc 2,34). A sublimidade do Natal reside em ambos: o Menino nascido de Maria por obra do Espírito.

 A beleza da presença do Sagrado no humano pode ser escondida pelas ondas da superficialidade e do esquecimento e do secularismo. A beleza das cores, dos sons e das luzes ajudam a reforçar o sentido humano do Sagrado que nos visita pela Virgem Mãe que nos ensina a aguardar com amor, intensificado de fé. Cabe, no entanto, a nós cristãos e aos católicos praticantes a celebração do verdadeiro Natal em união com a Mãe.

Ela, “feliz porque acreditou” (Lc 1,45) nos faz participar de sua alegria à semelhança de Isabel por ela visitada. Ambas as mães estavam felicíssimas. A Ladainha faz questão de chama-la de “causa de nossa alegria” para que saibamos nos regozijar com o Natal do Senhor.

Dentro do possível, façamos nossa confissão sacramental para que nossa alegria seja completa e celebremos o Natal em estado de graça santificante, participando da Eucaristia festiva junto com a assembleia reunida: “Ele está no meio de nós”.

Desejo a todos e a cada diocesano uma celebração santa e coerente do nascimento de Jesus, o Salvador, na Comunidade e em família.

                                                     FELIZ NATAL 2020

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