ALOCUÇÃO DE DOM JOSÉ MAURO

– Ao início da Missa, durante a Assembleia Geral da CNBB, aos 22/04/2012 –

Por graça e misericórdia de Deus, é me dada a oportunidade, como Bispo emérito, de recordar minha participação no Concílio Ecumênico Vaticano II, de 11 de outubro de 1962 a 08 de dezembro de 1965, em períodos que se sucederam durante os meses de setembro a dezembro, também, nos anos de 1963 e 64.
Ordenado Bispo de Iguatu em janeiro de 1962, com 36 anos de idade, 13 de sacerdócio, dei início ao ministério episcopal a 4 de fevereiro daquele ano. Conduzindo a Diocese de Iguatu por 38 anos, renunciei aos 75 anos ao ministério episcopal, a 26 de julho do ano 2000, no encerramento da Festa de Senhora Sant’Ana, Padroeira de Iguatu.

O Concílio Ecumênico Vaticano II foi o imenso dom do papado de João XXIII. Eleito aos 77 anos, muitos pensavam que ele seria um Papa de passagem, por conta da idade avançada. Sucessor de Pio XII, surpreendeu o mundo com a convocação do Concílio Ecumênico Vaticano II. Aos jornalistas, a que concedeu audiência, explicou o que significava o Concílio que anunciara: naquela ocasião, caminhou até a janela da sala de audiência, abriu-a e deu-lhes o significado – aggiornamento, vento novo, resposta ao dia-a-dia da Igreja.

Havia uma expectativa em toda comunidade eclesial, esperando mudança, e o Concílio Ecumênico, presentes milhares de bispos do mundo inteiro, ofereceu-lhes oportunidade de expressar as aspirações de suas Igrejas. Homens e mulheres, cristãos leigos, começaram a preencher espaços pastorais, até então não ocupados; novos ministérios e serviços, novas maneiras de responder a atividades pastorais, de setores, como: família, juventude, meio universitário; ao mesmo tempo em que comunidades cristãs do meio rural e das periferias das cidades iniciavam novas modalidades de ação, em resposta às múltiplas exigências da vida cristã, em seu ambiente.

Tenha-se em mente a Celebração da Palavra, a existência das Comunidades Eclesiais de Base, oferecendo às lideranças responder às exigências de ordem pastoral e social. E o que dizer do que representou o uso da língua vernácula, oferecendo o conhecimento mais direto da Palavra de Deus, na Missa e demais Sacramentos, preparando o encontro de intimidade maior com Jesus Cristo, na Eucaristia?

Eu costumo dizer que o Concílio Ecumênico ensinou-me a ser Bispo, dispôs-me profundamente a colocar à disposição da Igreja minhas energias. O que dizer ainda do uso dos meios de comunicação da palavra falada, rádio e televisão, e escrita, boletins, jornais, postos à serviço da evangelização? É essa a minha visão e foram essas as experiências que tenho vivido até hoje, a partir do Concílio Ecumênico, que lhes passo, irmãos e irmãs, que modestamente lhes comunico, no pequeno espaço de tempo, que ora me foi dado.
Obrigado!

Transcritor: Pedro Lucas Teixeira Mendes.
Revisor: Prof. Osmar Lucena Filho.

2 comentários em “ALOCUÇÃO DE DOM JOSÉ MAURO”

  1. De todo louvável a iniciativa de Pedro Lucas, seminarista maior de nossa Diocese, ao registrar, no site, as belas e inspiradas palavras de Dom Mauro, proferidas em Aparecida, evocadoras da participação do 1º Bispo Diocesano de Iguatu no Concílio Ecumênico Vaticano II.

Deixe um comentário para Pedro Lucas Teixeira Mendes Cancelar resposta