PEQUENOS DO REINO

Jesus agradece aquilo que o Pai revelou aos pequenos e, no entanto, escondeu dos sábios e entendidos (Mt 11, 25). Mateus, evangelista da Igreja, aplicou à comunidade cristã inicial a ação de graças de Jesus: “Eu te louvo, ó Pai” (v. 11). Significa para a comunidade do Evangelista que ela dava espaço aos humildes e pobres; e, estava incluída no louvor de Jesus.

Os pequeninos ou pobrezinhos, na comunidade de Mateus, são aqueles que acolheram com simplicidade o Evangelho do Reino dos Céus, ao contrário dos fariseus, escribas e doutores, caracterizados como sábios e entendidos da lei. Cheios de si. Quanto aos discípulos, eles correspondem aos pobres em espírito (ou de coração de pobre), fatigados e oprimidos pelo peso das interpretações da lei dadas pelos “especialistas” ou entendidos.

Jesus é apresentado como quem chama à liberdade os oprimidos por tantos preceitos. Ele é o Libertador do peso e do fardo da religião legalista, calculista e excludente. Diz palavras de convite, de acolhida e de compromisso que suscitavam à nova liberdade: “Vinde a mim todos os que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (v. 28-30).

Trata-se da liberdade de assumir novas exigências, próprias de quem aprende do próprio Coração de Jesus. Do Coração aos corações, na liberdade própria de amar com mansidão e humildade. Com a bem-aventurança da mansidão se herdará a terra (5, 5). Com a bem-aventurança da humildade de um coração pobre já se possui até o Reino dos Céus (5, 3).

Paulo, que se fez pequeno também no nome, segue o mesmo padrão para a “Igreja de Deus que está em Corinto” (1 Cor 1. 2). Faz com que ela se veja no verdadeiro espírito do Reino: “Vede…não há entre vós muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de família prestigiosa. Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e, o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e, o que no mundo é vil e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é, a fim de que nenhuma criatura se possa vangloriar diante de Deus” (1 Cor 1, 26-29). Apesar das fraquezas e carências apontadas, ela fora cumulada de “todas as riquezas…da palavra…do conhecimento (1,1).

Nosso Papa Francisco aprecia muito tanto a humildade quanto a mansidão. Deseja uma Igreja simples, pobre e servidora. Ensina-nos com seu modo despojado e humilde de ser. Na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate sobre o chamado à santidade no mundo atual escreveu esta preciosidade: “A humildade só se pode enraizar no coração através das humilhações. Sem elas, não há humildade nem santidade. Se não fores capaz de suportar e oferecer a Deus algumas humilhações, não és humilde nem estás no caminho da santidade” (n. 118). Também Jesus mostrou sua mansidão e humildade através das humilhações sofridas. É Ele o modelo eclesial.

Pequenos no Reino são, verdadeiramente, os santos e santas, discípulos do Mestre, especialmente, “aquela que nos leva nos braços, sem nos julgar (n. 176), a Virgem Maria. Tinha consciência que o Senhor olhou para sua humildade (Lc 1, 48) ou humilhação. Por isso, todos os humilhados serão exaltados (Lc 14, 11) e, Ela mais do que todos, da Cruz à glória, a Senhora.

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