MARIA DIANTE DA RESSURREIÇÃO DE JESUS

A presença de Maria no tempo pascal é prevista, na liturgia, através de missa própria do sábado no Comum de Nossa Senhora. À hora do Angelus muda-se para a oração da Regina Coeli: “Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia”.

Além disso, celebra-se a participação de Maria na glória e na vitória de seu Filho ressuscitado, na Solenidade da Assunção, em 15 de agosto, com a missa da vigília e a do dia, e logo a seguir, a Memória de Nossa Senhora Rainha, no dia 22 de agosto.

Ultimamente, a importância dada à Páscoa na cristologia, ensejou o interesse de ressaltar a presença de Maria diante da ressurreição do Senhor. Embora as Escrituras não digam que Jesus Ressuscitado apareceu a sua Mãe, se põe a possibilidade, ao menos como hipótese acertada, devido ao testemunho genérico de Paulo: “apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, a maioria dos quais ainda vive, enquanto alguns já adormeceram” (1 Cor 15, 6).

Deduz-se, obviamente, que ela participara da alegria dos acontecimentos referentes às aparições pelo testemunho das mulheres que estiveram “olhando de longe” (Mc 15, 40) os fatos da cruz e da morte de Jesus e que, após o sábado, compraram aromas para lhe ungir o corpo. Trata-se de Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé (Mc 16,1).

Ela constatara a alegria dos discípulos e dos apóstolos aos quais aparecera seu Filho, inclusive das discípulas que: “ao voltarem do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze, bem como a todos os outros” (Lc 14,9).

Importante para a mariologia, é que se Jesus Ressuscitado apareceu a Maria, não foi para fortalecer sua fé, mas para premiá-la de plena alegria pela fé já testemunhada e provada na dor e no abandono da morte de cruz e do sepultamento. Melhor do que os demais discípulos, ao guardar tudo no coração crente, ela ouvira e meditara que ressuscitaria ao terceiro dia (Mc 8,3; Lc 18,33). Ela aguardava com esperança a hora de Deus, a realização da promessa de seu Filho. Ouviria de novo: “Feliz aquela que acreditou!” (Lc 1,45).

Aparecendo-lhe, o Senhor realiza sua promessa e faz cessar a esperança. Deste modo, o reconhecimento do senhorio divino do Ressuscitado confirma e publica, também para Maria e para todos nós, sua maternidade divina.

Envolvida pelas alegrias pascais, ela permanece junto aos apóstolos e algumas mulheres, reunidos em oração, até o domingo de Pentecostes (At 1, 13-14). Cumpriam a ordem do Ressuscitado “que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa do Pai” (At 1, 4): o batismo com o Espírito Santo (At 1,5).

Em Pentecostes, a Igreja apostólica se expressa, reunida em torno do Ressuscitado e diante do Pai, mas com a presença de Maria que ora junto e por todos. Aguardam o dom do Espírito Santo para a missão no mundo a ser evangelizado. Maria, portanto, compreende-se comprometida e solícita com a missão da Igreja no novo serviço ao seu Filho. Assume com sua presença a responsabilidade de ser a Mãe da Igreja nascente e em todos os tempos, conforme o desejo expresso do Crucificado: “Eis aí teu filho; Eis aí tua Mãe!” (Jo 19,26-27).

Enfim, ela diante do acontecimento da ressurreição, por uma graça especial de intimidade com seu Filho Ressuscitado e com a nova recepção do Espírito Santo, em Pentecostes, conheceu o sentido salvador de tudo que aconteceu na sua existência unida a Cristo. Finalmente, tudo se esclarece.

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