É ELE MESMO!

 João Batista é figura destacada do Advento. Sua pergunta ressoa em nossos ouvidos:  “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” (Mt 11,3)

Cabe ao próprio Jesus responder. Ele o faz, atestando o testemunho de suas obras: “os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (v. 5). São obras que o identificam. São ações promotoras de salvação. Dizem da proximidade do Reino dos Céus (cf. Mt 10,7). Certamente, tais obras surpreenderam o Batista e seus discípulos.

O Salvador que esperamos, é Ele mesmo, Jesus, o Nazareno. Veio, vem e virá para curar os doentes, recuperar vidas e evangelizar os pobres. Cumpre-se, de modo novo, a promessa profética: “Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos. Os que o Senhor salvou, voltarão para casa” (Is 35,5-10).  Significa dizer que a obra é humanizante e libertadora, curativa e salvadora.

É certo que participamos da mesma obra de Jesus. Ele nos insere no seguimento de discípulos: “Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, dai de graça” (Mt 10,8). Realiza-se, deste modo, a esperança de tantas expectativas. De Jesus para sua Igreja, ainda em formação. Da Igreja já fundada e enviada às nações, em todos os tempos, lugares e circunstâncias.

O vasto tempo da Igreja expressa o testemunho cristão enquanto resposta para as mazelas humanas que são muitas. A caridade divina sempre abre espaço à novas esperanças no amor que muito perdoa e na capacidade de se fazer o bem.

O tempo da Igreja é, sobretudo, o da distribuição das bênçãos espirituais dadas com abundância (Ef 1,3). Também se evidenciam e são atestadas. Embora tais bênçãos, em Cristo, na dimensão mais íntima dos corações, só Deus conhece, nos é dado vê-las, em parte, na vida dos santos e santas e de muitos cristãos autênticos. Constituem o triunfo da graça, vitória sobre o pecado e o Maligno. Comprovam que somos remidos, filhos e herdeiros, destinados à glória eterna pelo selo do Espírito da promessa (Ef 1,4-14).

O tempo da Igreja é igualmente seu ano litúrgico em que o retorno de Cristo constitui a esperança, celebrada e vivida, com a conversão e a vigilância. De fato, o Advento nos faz vivenciar o melhor desejo da esperança: “Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,20).

Liturgia da Esperança! Liturgia da Expectativa! Liturgia da Expectativa na Esperança! Liturgia do Desejo do Encontro definitivo! Significa que o Senhor, mediante o Espírito da Promessa, continua vindo e nós nos encontraremos com Ele. Tempo de graça e de sinergia: “Sim! Venho muito em breve!” (Ap 22,20). Tais encontros, muitas vezes eucarísticos, no tempo que passa, visam à eternidade que não passa.

É correto afirmar que a Liturgia celebra e realiza o encontro com Cristo, mas também nos predispõe ao futuro convívio definitivo: “o que seremos ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.” (1Jo 3,2). Na visão beatífica, a surpresa: É Ele mesmo!

Que no Advento e no Natal, sejamos agraciados pelo Mistério que nos surpreende!

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