CRUZ E ESPADA

A Solenidade dos Apóstolos, São Pedro e São Paulo, é a comemoração do martírio de ambos, em Roma, vítimas da cruel perseguição do Império Romano, no séc. IV, em dias diferentes, sob o domínio de Nero. Desde 354, o martírio dos apóstolos é festejado no dia 29 de junho.

Embora o símbolo de Pedro sejam as chaves do Reino que ligam e desligam na autoridade e no poder de Cristo (Mt 16,19), a cruz lhe foi destinada como sinal de identificação com a morte e vitória do Mestre que o fez seu vigário (Jo 21,15-17). Morreu crucificado de cabeça para baixo, pois, teria dito que não era digno de morrer como seu Senhor.

A presença da cruz na vida de Pedro se dá desde o primeiro anúncio da Paixão quando, ousada e ingenuamente, censura Jesus: “… tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: ‘Deus não o permita, Senhor! Isso jamais te acontecerá!’ Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse: Afasta-te mim, Satanás!”. Por tão forte impacto, aprenderia o sentido do sofrimento do Justo.

Embora generoso e altruísta (Mt 26,33), teve um péssimo comportamento com a tríplice negação, também no contexto da Paixão: “…esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes! ” (Mt 26,34). Quando ocorreu, saiu e “chorou amargamente” (v.75). Fugiu. Ocultou-se.

O Ressuscitado, porém, associou Pedro ao itinerário pascal –da cruz à glória- ao dizer: “…quando eras jovem, tu te cingias e andavas por onde querias; quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te conduzirá aonde não queres ir” (Jo 21,18). O texto explica: “para indicar com que espécie de morte Pedro haveria de dar glória a Deus” (v.19). Na ocasião, o convite de Jesus a Pedro é: “Segue-me” (v.19), repetindo a explicação dada durante a ceia de despedida: “não podes me seguir agora aonde vou; mas me seguirás mais tarde” (13,36). Assumiria, pois, o martírio de Jesus ao doar-se até a morte de cruz, dando o pleno testemunho.

Paulo é simbolizado pela espada. A propósito, recordemos as palavras de Bento XVI: “…a iconografia tradicional apresenta Paulo com a espada, e sabemos que esta representa o instrumento do seu martírio. Mas, repassando os escritos do Apóstolo dos Gentios, descobrimos que a imagem da espada se refere a toda a sua missão de evangelizador” (Homilia, 29/6/2011).

Soldado e atleta de Cristo Jesus, ele descreve a militância cristã como bom combate exercido com as virtudes teologais: “revestidos da couraça da fé e da caridade, e do capacete da esperança da salvação” (1Tes 5,8). À sua pregação e seus escritos, podemos aplicar a penetração pessoal e o alcance universal de sua profecia: “De minha boca fez uma espada cortante” (Is 49,2).

Dia do Papa. Dia da unidade eclesial. Peçamos pelo ministério do Papa Francisco, simultaneamente petrino e paulino, para que o Senhor o liberte das prisões do tempo presente. Todo papa, sendo fiel, encontra tanto a cruz quanto a espada no seu ministério. A espada do ensinamento, muitas vezes profético e incômodo, identifica-o com o Cristo perseguido, caluniado, difamado e abandonado. O inferno, porém, não prevalecerá (Mt 16,18).

Santo Agostinho disse que Pedro e Paulo, embora tenham sofrido em dias diferentes, eram uma só coisa. Também o Papa com a cruz de um e a espada de outro se faz um com eles.

1 comentário em “CRUZ E ESPADA”

  1. Boa tarde.

    Esta mensagem nos faz lembrar que todo seguidor de Cristo, tem um pouco de cada um daqueles que foram os seus primeiros seguidores. Por exemplo: Pedro negou três vezes. Paulo foi um perseguidor. Judas o traidor.
    Muitas vezes também não escutamos o seu chamado…
    Senhor ensina-nos a amar mais.
    Abraços fraternos.
    Luiza

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