A 41ª Caminhada da Seca está chegando – RELEASE PARA IMPRENSA

RELEASE PARA IMPRENSA

No dia 12 de novembro de 2023, acontecerá mais uma edição da Caminhada da Seca em Senador Pompeu-CE. A romaria acontece tradicionalmente no segundo domingo de novembro e é uma celebração em memória das vítimas do campo de concentração do Patu na seca de 1932.

A Caminhada da Seca é muito mais do que uma tradição religiosa de cunho popular; é um testemunho vivo da devoção, da história e da cultura do povo do sertão cearense.

Criada em 1982 pelo Padre italiano Albino Donati, tornou-se a principal expressão religiosa da comunidade paroquial de Nossa Senhora das Dores. Ao chegar em Senador Pompeu, Pe. Albino Donati descobriu a devoção às Santas Almas da Barragem do Patu. A partir desta descoberta, na tentativa de compreender melhora história por trás dessa devoção, ele convocou os paroquianos para uma caminhada até o cemitério da barragem do Patu, que ele denominou como Santuário da Seca. Ao final da primeira caminhada, realizou-se um celebração eucarística em memória das vítimas dos campos de concentração.

A caminhada parte da Igreja Matriz anualmente às 4h30 da manhã, percorrendo um trecho de aproximadamente 3 km até chegar ao Santuário da Seca, o cemitério da barragem do Patu. No local, celebra-se a eucaristia em louvor às Santas Almas da Barragem do Patu e em memória a todos que sofreram e perderam a vida nos campos de concentração da seca de 1932.

A caminhada da Seca possui múltiplos aspectos e simbologias entrelaçados em sua essência, além de uma demonstração de devoção às Santas Almas da Barragem, que se tornou uma parte inseparável do imaginário coletivo da região, ela também é uma manifestação cultural rica em tradições e arte, que brotam de um passado histórico marcado por violação de direitos. A riqueza patrimonial da região, com os imponentes casarões da barragem e o santuário da seca, fala não apenas ao passado, mas também à persistente memória daqueles que enfrentaram as dores da seca.

Senador Pompeu é singular entre os municípios do Ceará onde ocorreram campos de concentração, por manter viva a memória. Esta memória se manifesta tanto no aspecto material, com o Sítio Histórico do Patu – Patrimônio Cultural de Senador Pompeu e do Estado do Ceará -, como no aspecto imaterial, através da devoção e fé nas Santas Almas da Barragem e da tradição da Caminhada da Seca. É uma verdadeira expressão de especificidade religiosa em que o santo é coletivo; foram as pessoas que santificaram as Santas Almas da Barragem so Patu.

SÍTIO HISTÓRICO DA BARRAGEM DO PATU

Os casarões da barragem, originalmente construídos para abrigar engenheiros ingleses que supervisionaram a construção da barragem do Pato na década de 1920, foram posteriormente utilizados pelo governo como local para a implantação do campo de concentração durante a seca de 1932. Este patrimônio material é um testemunho silencioso de um passado de dor, hoje, um lugar de memória sensível.

O cemitério da barragem é considerado um local sagrado pela comunidade, um santuário da seca e um campo santo no sertão, onde as histórias das vítimas da seca encontram refúgio e respeito eterno. Os fieis costumam apresentar como ex-votos para as Santas Almas: água e pão como símbolo de caridade àqueles que passaram sede e fome até encontrar-se com a morte.

Hoje, o Sítio Histórico do Patu é tombado como Patrimônio Cultural do Estado do Ceará, e Senador Pompeu se mantém como o único município do Ceará a preservar a memória do campo de concentração da seca de 1932, com seu patrimônio material, imaterial e paisagístico.

A memória está viva não apenas nas pedras e construções, mas também na memória coletiva da comunidade, alimentada pela devoção e fé nas Santas Almas da Barragem do Patu.

RESISTÊNCIA E LUTA POR JUSTIÇA SOCIAL

A Caminhada da Seca, para além de sua significativa dimensão religiosa e cultural, assume um papel crucial na luta pela justiça social. Esta caminhada é, acima de tudo, um ato de resistência que representa a luta por direitos básicos. À medida que avançamos na luta por políticas de convivência com o Semiárido, educação contextualizada e de qualidade, e, acima de tudo, por justiça social, é imperativo continuar caminhando incansavelmente. No entanto, esta jornada deve se desdobrar em uma nova direção, aprendendo com os erros do passado e trabalhando coletivamente para construir um futuro onde o bem comum prevaleça sobre os interesses individuais.

A Caminhada da Seca é, assim, um chamado à reflexão, à ação e à construção de um mundo mais justo, onde a memória daqueles que sofreram não seja esquecida e onde a justiça social seja uma realidade para todos.

Assim, a Caminhada da Seca é, além de um patrimônio cultural imaterial, uma celebração que abraça tanto o aspecto religioso quanto o histórico, tornando-se um marco singular que mantém viva a história e a memória como um farol por justiça social para todos aqueles que pereceram no campo de concentração da seca de 1932 e os que ainda hoje permanecem tende os direitos humanos fundamentais negados.

A TEMÁTICA DA 41ª CAMINHADA DA SECA

“PELA PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA, DA HISTÓRIA, POR JUSTIÇA SOCIAL E PELAS SANTAS ALMAS DA BARRAGEM DO PATU,”

Esta caminhada não é apenas para relembrar um passado doloroso, mas também um chamado à ação no presente e para o futuro. O aprofundamento a partir da fé e da devoção popular que nos reaproxima de Deus e que fomenta na comunidade a consciência de que a preservação da memória e da história é fundamental para que as gerações atuais e futuras possam compreender as raízes profundas dos problemas enfrentadas pelo povo sertanejo. A busca por justiça social é uma demanda vital, lembrando-nos de que a história de segregação e negação de direitos ainda ecoa em muitos aspectos da sociedade atual. A Caminhada da Seca é um lembrete constante de que a devoção e a fé podem ser forças motrizes para a mudança social e a busca por um mundo mais justo, como o próprio Cristo nos ensina no seu evangélio.

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INFORMAÇÕES

– Paróquia de Nossa Senhora das Dores:
Padre Gil: (88) 9.9280-1795
Secretaria Paroquial: (88) 9.8235-7789

– Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro:
Marta Sousa: (88) 9.9867-7052

– Departamento de Cultura de Senador Pompeu:
Agna Ruth: (88) 9.9854-0708

SAIBA MAIS

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