Sete de Setembro de Dois Mil e Dezessete

O Dia da Pátria comemora a Independência do Brasil, ocorrida em 07 de setembro de 1822.

A narrativa do evento diz que Dom Pedro Primeiro sacou da espada, nas margens do Ipiranga, e disse: “Por meu sangue, por minha honra e por Deus farei do Brasil um país livre”. Alçando a espada, continuara: “Brasileiros, de hoje em diante nosso lema será: Independência ou Morte”.

Os fatos que levaram à Independência são bem conhecidos devido à obra de historiadores e pesquisadores. Recentemente, muito se tem produzido sobre a História do Brasil, em linguagem acessível e atraente, aos não especialistas na matéria. Dá gosto de ver que o Brasil é objeto de pesquisa. Portanto, de interesse. Ele é intrigante e fascinante pelo pluralismo cultural que amalgama nosso povo.

A história de nossa Pátria sai das escolas e das universidades e, bem ou mal contada, torna-se tema ou roteiro de cinemas e de novelas à semelhança do que já acontecia com a literatura -poesia e romance e teatro- ou mesmo com os enredos de escolas de samba.

Celebrar é retomar um ato fundacional. A Nação revisita seus marcos fundadores para estreitar a unidade e o sentido de pertença dos cidadãos. Por isso, há elementos ideológicos retomados e repensados, por ocasião do Dia da Pátria, bem utilizados pelo Estado e os governantes, expressos em paradas militares ou desfiles escolares e outras manifestações cívicas.

No Brasil Império, a unidade nacional se realizava em torno do Imperador. Eram importantes o sangue, sinônimo de estirpe, e a honra do soberano para, por ele, ser constituído um país livre e coeso. O nome de Deus e a Religião Católica também reforçavam a unidade devido ao Regime do Padroado.

Com a Proclamação da República, o ato fundacional estabelecido desde a Independência teria de ser recordado e atualizado, porém, em novos pactos sociais e perspectivas de ação, rompendo-se com a monarquia. Separam-se a Igreja e o Estado. A nova autoridade do Presidente não é de direito divino nem sucessório. Provém da vontade popular, através do sufrágio do voto ou das urnas, emergindo dos Partidos e da representatividade. Valoriza-se a cidadania.

Quanto à Independência do Brasil, vai além do livramento de ser Reino Unido ao de Portugal e Algarves, para ser uma Nação autônoma no cenário das demais. O mais-além ficara por conta da declaração de Dom Pedro Primeiro ao indicar o que seria seu projeto político: fazer do Brasil um país livre. Em grande parte, a autonomia fora preparada por Dom João Sexto que nos favoreceu com algumas instituições básicas. O Brasil haveria de ser construído, desde o início, na tessitura da liberdade como valor supremo, apesar da escravatura, quer dizer, em processo lento e excludente.

No ideal republicano, a liberdade é sinônimo de democracia. No entanto, a tarefa democrática, por ser empenho de todos, liga-se à cidadania real e não só conceitual. Por isso, é permanente e até inacabada. É dificultada pelos fatores históricos e culturais, ainda invencíveis, de nossas mazelas sociais e econômicas e, sobretudo, educacionais. Por duas vezes, fomos golpeados e mergulhados no regime ditatorial, ou seja, o processo de atingir a cidadania real se dá com avanços e muitos recuos.

A atual crise nacional obscurece o 7 de setembro de 2017. Demonstra o quanto é dificultada a tarefa de construir um Brasil cujas instituições sejam realmente justas com lideranças honestas e patrióticas e competentes. Nossas desigualdades e contradições estão sendo expostas sem pudor e sem censura. Por isso, o tempo de festejar se torna tempo de refletir naquilo que atravanca nossa ascensão econômico-social.

Fraudes e corrupções e delações se sucedem escandalosa e vergonhosamente, perpetradas por muitos dentre os quais nossos destinos dependem. Os brasileiros e brasileiras, enquanto gente assalariada, irão pagar a conta de tanto desvario. Já pagam, pois, diminui o poder de compra; pesa no bolso o aumento dos preços; crescem os desempregados e inadimplentes; enfim, o desenvolvimento humano decresce.

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