Grupos de famílias no WhatsApp são os campeões em disseminação de boatos? Verdade ou mentira?

A maioria de nós pensava que as notícias falsas vinham de grupos de amigos do WhatsApp e do Facebook. É. Pensava. Como todo penso e todo oblíquo são tortos, lamento informar que estamos todos errados.

Pesquisa inédita feita pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP (Universidade de São Paulo), com respostas de 2.520 pessoas a um questionário online elaborado pelo grupo, cuja metodologia se baseia em um estudo israelense que procurou a origem de boatos espalhados pelo WhatsApp após o sequestro de três jovens israelenses na Cisjordânia em 2014 mostrou que metade dos boatos que circularam no WhatsApp vem de grupos de família.

Assustou?

É a grande surpresa dessa pesquisa. Dessas pessoas, 51% responderam ter recebido texto em grupos de família no WhatsApp; 32%, em grupos de amigos; 9% em grupos de colegas de trabalho e 9% em grupos ou mensagens diretas.

Por que familiares?

A maioria das famílias está bem polarizada quando, por exemplo, o assunto é política. O fake news ou notícia falsa, precisa de um ambiente mais íntimo onde as lentes da desconfiança e da criticidade estão menos atentas e onde as pessoas se sentem mais à vontade para debater e brigar.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de 2016, do IBGE, mostram que a atividade mais popular entre os brasileiros, ao usar a internet, é trocar mensagens por meio de aplicativos – 94,5% dos brasileiros responderam que usam a internet para fazer isso.

Isso preocupa?

Menos importante do que mostrar evidências que amparam o boato é fazer com que ele esteja de acordo com as nossas crenças. Um exemplo disso é o preconceito de que pessoas da favela tem vínculos com o tráfico. Outra preocupação dos especialistas é que as informações no WhatsApp vêm de pessoas em que se costuma confiar mais e as notícias falsas se aproveitam de elementos verdadeiros para enganar as pessoas. Basta que um elemento seja verdadeiro para validar o resto, conectando com as crenças e valores de quem lê a notícia. O elemento falso preenche um buraco colado às informações verdadeiras.

Puxa! Mas os fake news são mais encontrados em sites e fanpages, né? – Não!

As pessoas compartilham notícias falsas em texto e primeiro circulam no WhatsApp. A preferência pelo aplicativo de mensagens deve-se a sua difícil ou quase impossível rastreabilidade.

A Kantar TNS, especialista mundial em estudos de mercado, produziu para a União Europeia um analisador de fakes que pretende ser um observatório do impacto das notícias falsas, ou fake news, que, diz-se, proliferam um pouco por todas as redes sociais ou pelos sites noticiosos. Em outro estudo, a Kantar publicou em novembro passado, onde afirma que os consumidores de notícias confiam mais naquilo que leem na imprensa tradicional (72%) e nos canais de televisão (69%), que nas redes sociais (33%) e nos aplicativos de mensagens (37%). Em se tratando de Brasil, isso passa a ser um problema.

Apesar disso o brasileiro é o povo mais preocupado com notícias falsas e ao mesmo tempo aquele é um dos que mais espalham tais informações. (quadro abaixo)

Estudo da Perils of Perception realizada pelo instituto britânico Ipsis MORI com pessoas de 33 países entre os dias 1º e 16 de outubro de 2015 e, que aqui no Brasil, contou com cerca de 1.000 participantes colocou, à época, em terceiro lugar na categoria ‘baixo conhecimento sobre o país’. A mesma pesquisa foi realizada novamente e conseguimos sair da zona de premiação e atualmente ocupamos a 6ª. posição.

Apesar de preocupante este dado mostra o quanto somos suscetíveis a sermos enganados ou nos deixar enganar por notícias falsas. Podemos afirmar que notícia falsa agora é caso de família.

 

Por Luís Sucupira

Assessoria de Imprensa

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