Dia do Padre

A memória litúrgica de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, é o dia do padre, pois é o padroeiro dos párocos e dos sacerdotes.

A oportunidade sugere momentos de convivência fraterna entre os presbíteros com seu bispo, após a celebração eucarística, prática que tem se estendido, espontaneamente, em todas as dioceses inclusive em Iguatu. A comemoração enseja que todo o mês de agosto seja considerado vocacional, ao menos no Brasil, para despertar nos jovens o desejo de dizer sim a Deus, aos vários chamados para a missão, desde o laicato até as formas de consagração especial.

São João Maria Vianney concluiu sua vida às 2 da madrugada do dia 4 de agosto de 1859, aos 73 anos de idade. Seu bispo chegara às pressas à véspera. O número expressivo de 20 sacerdotes acompanhou o Abbé Beau, quando lhe administrou os últimos sacramentos. Em meio a tempestade e relâmpagos, teve uma morte serena, ele que, durante 35 anos, vivera atormentado em luta com o diabo entre outras.

O bispo, tendo ouvido um sacerdote usar o termo “louco” ao se referir ao Padre João Maria, dissera: “gostaria que todos os membros do meu clero tivessem uma sementinha dessa mesma loucura”. O santo conviveu sereno com denúncias e insinuações de seus irmãos no presbitério. Soube superar estas e outras adversidades, especialmente suas limitações, sendo a pior de todas, seu rigorismo. Este ele o moderou mediante a pastoral da misericórdia exercida no martírio do confessionário em contato com as mazelas humanas. A este ministério se dedicou heroicamente e sem descanso.

Sem querer, atraiu multidões, com seu testemunho de vida e com o dom do conselho. Seu biógrafo, o Padre Francis Trochu, escreveu com elegância: “Todas as misérias possíveis vieram a ele: -pais, mães e esposas enlutadas; aflitos de alma e de corpo; Mônicas cheias de angústias, buscando seus Agostinhos; náufragos da vida; corações lanceados, desalentados, desesperados… Pensava somente nas dores alheias. (…) Consolava-os, com uma ternura toda sacerdotal”.

Idoso e exausto e adoentado, no último ano de vida, de 1858 a 1859, mais de 100 mil peregrinos o visitaram para ouvi-lo e confessar-se. Tornou-se centro de interesse, de atração e de admiração. Fenômeno que aumentou após a morte e bem mais com a canonização, atraindo católicos do mundo inteiro, ainda hoje.

Pouco divulgada é sua simplicidade, despojamento, pobreza e caridade. Recusou a mobília oferecida por uma senhora generosa para a residência paroquial. A pobreza da pequena e rústica casa conservada, ainda testemunha sua austeridade. A batina era surrada e remendada. Nomeado Cônego Honorário do Capítulo pelo bispo Chalandon, nunca vestiu a “mozetta”; ao contrário, vendeu-a por 50 francos para oferta-los a uma obra de caridade. Ele recusou com veemência a honraria da Cruz de Cavaleiro da Ordem Imperial da Legião de Honra.

Além disso, ele abriu uma escola popular gratuita para moças pobres. Criou um orfanato onde dava catecismo às crianças. Fez uma pequena panificação caseira no seu sótão para prover de pães os pobres. Tais iniciativas sócio-caritativas dizem muito do equilíbrio pastoral do Padre João Maria que unia a vida sacramental e espiritual à dimensão social e educativa.

A respeito, afirmaria o mestre-escola: “A mais difícil, extraordinária e espantosa obra feita pelo Cura d’Ars foi sua própria vida”. Esta exerce grande atrativo sobre muitos que, ao conhece-la, reconhecem ter sido obra da graça de Deus. Nós, sacerdotes, agradecemos ao Senhor pelas maravilhas realizadas pelo ministério pastoral do padre João Maria Vianney. Somos estimulados pelo seu testemunho e seus ensinamentos, ricos de sabedoria.

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